quinta-feira, 16 de junho de 2011
Nostalgia de um pretérito presente
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Todas las voces, todas! Todas las manos, todas! À esquerda, por favor!
A eleição de Ollanta Humala no Peru dá continuidade a um processo muito importante na América Latina, a ascensão de governos de esquerda em todo o continente. É, sem dúvidas, momento de luta e festa, bem no estilo latino de ser. Endurecer sem perder a ternura. Frei Betto lembra que a história recente da grande pátria pode ser dividida em três momentos: O período ditatorial, entre os anos 60-80, onde vários países viviam sob regimes de exceção; o período neo-liberal, anos 80-90, onde a idéia de livre comércio se espalhou por essas bandas do sul; e agora o período de governos de tendência socialista e social democrata. A lista é grande e dá gosto de ver: No Paraguai o ex-bispo e teólogo da libertação Fernando Lugo. Na Argentina Cristina Kirchner. Na Bolívia o líder indígena Evo Morales. Na Venezuela o militar insurgente Hugo Chaves. Em Cuba Raul Castro. No Uruguai o ex-guerrilheiro Pepe Mojica. No equador o também influenciado pela esquerda cristã Rafael Correa. No Brasil a ex-guerrilheira Dilma Rousseff e agora no Peru Ollanta Humala. Mas o que isso significa? Duas coisas em especial. Primeiro, deixa transparente que nós latino-americanos temos processos políticos muito estreitos o que, de fato, demonstra nossa irmandade como um dia falou Bolivar. Segundo, que o crescimento da esquerda no continente é reflexo da falência e incapacidade das propostas capitalistas. A miséria e exclusão social causadas pelo sistema do capital fez com que o povo percebesse a necessidade de uma mudança radical de paradigmas. Mais do que vitórias partidárias, o atual contexto é resultado de lutas populares espalhadas pela Pachamama. Cabe a nós aproveitarmos essa oportunidade histórica e construirmos uma civilização mais justa e fraterna nessa parte colorida do globo. Mesmo os EUA não aceitando, estamos com a chance, mais do que nunca. Sejamos competentes! Venceremos!
E assim como cantou Mercedes Sosa em "Canción con todos", hino da unidade na América Latina felicitemos:
"Salgo a caminar/ Por la cintura cósmica del sur/ Piso en la región/ Más vegetal del tiempo y de la luz/ Siento al caminar/ Toda la piel de América en mi piel/ Y anda en mi sangre un río/ Que libera en mi voz/ Su caudal/
Sol de alto Perú/ Rostro Bolivia, estaño y soledad/ Un verde Brasil besa a mi Chile/ Cobre y mineral/ Subo desde el sur/ Hacia la entraña América y total/ Pura raíz de un grito/ Destinado a crecer/ Y a estallar./
Todas las voces, todas/ Todas las manos, todas/ Toda la sangre puede/ Ser canción en el viento./
¡Canta conmigo, canta/ Hermano americano/ Libera tu esperanza/ Con un grito en la voz"
terça-feira, 24 de maio de 2011
Como os nossos pais - Dedicado aos ídolos dos e aos 'Filhos da Revolução'
Olá Pessoal, Passado quase um ano de ausência deste humilde diário virtual, porém sem nunca renunciar a utopia, estou por aqui mais uma vez. Volto não com textos meus, mas de pessoas que me inspiram na caminhada. O primeiro, que lerão logo em seguida, é de Camila Paula, poetisa e mulher com quem vivo e partilho minhas utopias e quimeras, postado no seu blog http://macabeadelamancha.blogspot.com O segundo, logo abaixo, é de Frei Betto, e trata do relacionamento homoafetivo à luz da bíblia, de uma maneira, sobretudo, amorosa, divulgado no site adital.com.br
Caminhemos...
Os Gays e a Bíblia - Frei Betto
É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.
No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as "pessoas diferenciadas”...).
Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc.).
No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela "despenalização universal da homossexualidade”.
A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.
Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.
São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.
A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que "quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).
Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?
Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os "eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.
Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?
Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.
[Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de "Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto
Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)]